sábado, 8 de novembro de 2008

A Ìndia do Século XXI e o sistema de castas

A índia, assim como o Brasil, é um país que está crescendo economicamente: o que não significa que está diminuindo as desigualdades existentes – sociais, econômicas e culturais.

A situação neste país é bastante alarmante, primeiro por causa do sistema de castas que condena o indivíduo a viver e morrer na casta em que nasceu: ficar rico neste caso é quase impossível, senão quando muito uma heresia a ser apenada.

A religião e a vida estão intrinsecamente misturadas neste país que faz fronteira com o Paquistão, e que vire mexe, faz o mundo tremer nas bases.

Essa mistura faz com que, na Índia nos deparemos com casos para lá de insólitos, como o casamento de uma menina obrigada a casar com um cachorro, com a finalidade de afastar os maus espíritos que a perseguiam, ou a morte de um rapaz porque ousou falar com alguém de uma casta “superior”.

Além disso, os contrates existentes na Índia, que hoje ousa caminhar para ser considerado um dos lugares mais ricos do planeta, é gritante, afinal, a mesma índia que é um dos maiores exportadores bovinos do mundo, também é um dos países mais castigados pela fome..

A razão para tamanho disparate encontra eco na própria religiosidade nacional indiana: a índia respira religião por todos os cantos e os bovinos, por causa dessa religiosidade, não fazem parte da dieta da população, pois a mesma é vegetariana convicta.

Evidentemente que a prática de uma alimentação vegetariana, além de saudável, é mais condizente com o amor e o respeito que devemos ter por todas as criaturas vivas. Afinal, ao comer um animal, estamos na verdade nos alimentando do cadáver deste. E isso, quando refletido e entendido, não cai muito bem na cabeça de ninguém.

O que é preocupante na índia do século XXI e deve ser combatido se ela quiser crescer em termos sociais na mesma proporção em que cresce tanto econômica quanto tecnologicamente, é o sistema de castas.

Pois a divisão em castas impede que exista enriquecimento de parte da população, que por razões religiosas sem qualquer fundamento científico, se vê presa a ser eternamente pobre e miserável. Esse sistema, lamentavelmente, condena a Índia a um ciclo eteno de desigualdades e fome.

Todos os dias, filas enormes se formam pelas ruas do país, formadas por indivíduos famintos em busca de uma porção de comida, e isso, além de desumano, fere a carta de Direitos Humanos da ONU, que este ano faz 60 anos.

Só o fato de existir uma carta que digam quais são os direitos do homem, já mostra o grau de aberração da própria humanidade: será que nós não sabemos como devemos conviver e tratar os nossos semelhantes a ponto de ser necessária uma carta que nos diga isso?

Mas a resposta a essa indagação é clara quando vemos a fome que impera em regiões como a índia, assim como o absurdo de alguns se sentirem “superiores” a outros, seja por questões de castas como na Índia, ou por outras razões religiosas, políticas e culturais.

O ser humano precisa aprender urgentemente que não passa de um minúsculo ponto no Universo e que assim como “do pó veio ao pó voltará”. Somos nada. Somos apenas animais mamíferos que em algum momento foram chamados de humanos. Ou será que somos desumanos?

Shirlei Amaro Avena Weisz é advogada e professora universitária de direito

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Barack Obama Presidente: a viagem de Rosa Parks finalmente chegou ao fim depois de 50 anos!

Parece que estou assistindo Monteiro Lobato sair do papel e se tornar realidade: temos um presidente negro, em uma das maiores potências do mundo.

Mather Luther King tinha um sonho, um sonho que todos se permitiram sonhar nesse momento histórico da Política Americana e por que não dizer, do nosso planeta Terra.

Essas eleições significam bem mais do que a chegada, novamente, depois de dois mandatos consecutivos de um republicano, de um Democrata à casa branca: é a vitória da tolerância sobre a intolerância, do racismo sobre a certeza de que somos apenas Humanos.

A cor de nossa pele não nos torna melhores ou piores. Somos todos filhos da mesma Criação e oriundos do mesmo Criador. Sangramos, sorrimos e nos alegramos.

Não me recordo há quanto tempo que não brotava lágrimas de emoção em meus olhos, por motivos políticos: mas a vitória de Barack Obama me levou às lágrimas. Porque com ele, naquele palanque, estavam representados anos de luta de um povo oprimido.

Estavam naquele palanque todos os líderes pela igualdade racial: ali, estava Rosa Parks, sua viagem de ônibus havia chegado ao fim, depois de cinqüenta anos!

Para quem não conhece a história, a costureira estava voltando cansada do trabalho quando um homem branco tentou expulsá-la do assento porque ela era negra.

Mas ela, não abaixou a cabeça. Ela se impôs e iniciou ali, uma jornada de luta pela igualdade do negro nos EUA. Igualdade esta, que ontem foi coroada com a vitória de Barack Obama para Presidente da maior potência do mundo.

O mundo hoje está com certeza diferente. E o sonho de Mather Luther King está mais perto, talvez, de se tornar realidade.

Pois o que se viu ontem e hoje pela TV é o sonho de cada um de nós: por um mundo onde a igualdade do homem esteja à cima de qualquer preconceito. E onde lágrimas sejam vertidas do rosto, por assistir a história pela TV.

A história de muitos representada na eleição de um presidente negro!

Que Deus ilumine os passos de Barack Obama, para que ele possa integrar e não separar. Buscar o entendimento e não à guerra. Trazer paz e trabalhar para que o nosso amanhã seja melhor do que o nosso hoje.

Shirlei Amaro Avena Weisz é advogada e professora de Direito

Publicado no O Globo On line na coluna de Política Internacional em 05/11/2008

domingo, 2 de novembro de 2008

O MUNDO PEDE SOCORRO!!!

O Século XXI iniciou para alguns há oitos anos, para outros há sete anos, mas a verdade é que desde então, embarcamos em um pesadelo sem fim: o mundo vem sendo assolado por guerras, pestes, fome e medo. Muito medo.
Só nesse ano catástrofes de grandes proporções atingiram a China, Mianmar...agora, Viatnã e o Congo. Catástrofes estas provocadas por razões naturais, como os terremotos, ou pela interferência do homem em busca de mais e mais poder às custas da fome e da miséria alheia.
Essa semana a ONU pediu ajuda para tentar mediar de forma diplomática o conflito no Congo que tem raízes étnicas e políticas: os tutsi e hutus, estes últimos que participaram do massacre em Ruanda em 1994, estão novamente em conflito e a população em desespero, eis que estupros, saques, fome e morte estão por toda parte.
No início da semana passada, campos de refugiados que abrigavam cerca de 50 mil pessoas em Rutshuru foi saqueado e incendiado, tornando a situação mais caótica.
No sábado, no norte da Goma, os ministros francês e britânico, ao visitarem um campo de refugiados, se depararam com uma multidão de pessoas desesperadas: muitos tentavam sobreviver cozinhando magras rações de emergência, enquanto outros tentavam se proteger da chuva que caia na região, erguendo frágeis abrigos plásticos.
O caos tende a aumentar, já que agências de ajuda humanitária, como a OXFAM, anunciaram a saída de seus funcionários, voluntários e colaboradores da região, em razão da total falta de segurança para realização de seus trabalhos.
O que se questiona em um momento como este é o que poderá ser feito de forma efetiva, já que, a situação econômica mundial é dramática e em todo mundo, existe um caos generalizado e muitos que antes doariam dinheiro, remédios e roupas, hoje precisam de doações para a própria sobrevivência.
Só nos Estados Unidos já existem milhares de desabrigados e na Inglaterra muitos estão invadindo imóveis que estavam vazios, por falta de inquilinos capazes de pagar seus aluguéis, em troca de um teto, oferecendo aos donos do imóvel o pagamento das taxas e a conservação dos mesmos.
O momento está dramático em todos os lugares e continentes: o Brasil, ao contrário do afirmado pelo Presidente Lula, não passará incólume à crise, pelo contrário, milhares de pessoas já estão em férias coletivas. O medo maior é: será que muitas voltarão aos seus postos após essas férias forçadas em razão da crise?
O mundo pede ajuda e há quem acredite que a vitória de Barak Obama trará alívio ao caos econômico e porá o mundo nos eixos, mas há também quem acredite que essa vitória seria o prenúncio de uma Era mais e mais repleta de conflitos.
Afinal, os EUA é um país dividido por conflitos étnicos há anos e ao que tudo indica, existe muito louco por lá querendo acabar com a festa da provável vitória democrata, antes mesmo que ela tenha começado. Na semana passada, por exemplo, skinheads foram presos, acusados de planejar o assassinato não só do candidato democrata, mas também o assassinato de 88 pessoas e a decapitação de 14 afro-americanos!
E isso é assustador, já que organizações como a Kun Klux Klan, que prega ódio aos afro-descendentes, judeus e à todos que não se enquadrem no perfil ariano por eles defendido, age livremente dentro dos EUA!
Diante de tanto caos, medo e incerteza, talvez só nos reste rezar por um salvador que nos tire desse cenário de trevas e medo.

Artigo Publicado no O Globo On line em 03/11/2008 na coluna Opinião de Política Internacional
Shirlei Amaro Avena Weisz é advogada, professora universitária de direito e foi voluntária do Centro de Informações das Nações Unidas.